Raramente planejo uma composição musical. A maioria das vezes a música vem em forma de harmonia. Sai do meu coração. Vem como um reflexo do momento por que estou passando.
A
vontade é tamanha de registrá-la que corro para o quarto. Abraço meu violão ou
sento em frente ao teclado. Pego um caderno, uma caneta, que estão sempre
prontos para me ajudar nessa viagem. O gravador fica à espreita, para, logo, captar
o que vou cantando.
É fácil esquecer-me.
Não pode ficar para depois. É mesmo,
coisa de momento. Em minha oração, espontaneamente viajo com meus pensamentos e,
principalmente, com meus sentimentos, para lugares que desconheço.
Sinto-me
muito à vontade e realizado. Tento
balbuciar algumas palavras. Desejo começar logo com uma frase ou poesia. O som,
entretanto, me envolve e eu me rendo, deixando as palavras para depois. Devo
ter paciência... A paciência é um dom!
Nem sempre é fácil
permanecer nesse estado emocional, tão à flor da pele. É intensa a sensibilidade
que me vem; depende do que vivo, do que vejo e do que sinto.
Quando componho, não faço um
simples som para agradar aos ouvidos. Busco o que mais se encaixa entre a letra
e a música daquilo que me é desvendado. Isso mesmo! Desvendado; porque tudo é
mistério no processo de composição.
Tudo, entretanto, se torna espetacularmente
claro em minha mente. Vem como se fosse uma ideia. E eu, como uma criança
curiosa, tento agarrá-la com toda força.
Não é fácil compor, como não
é fácil explicar a evolução de uma composição musical. Preciso rabiscar muito e
apagar várias coisas. Demoro até meses nesse processo; e,
por incrível que pareça, há anos que não dou uma atenção especial a algumas
canções para concluí-las.
São nuances da “paciência do tempo”!... Há ocasiões,
porém, em que uma música fica pronta no mesmo dia, em poucas horas. São os
mistérios que envolvem a música! O importante é que, em cada uma haja unção e que
toque o nosso coração levando-nos a transformação e conversão em todos os dias.